A lagoa secou, jacaré. Agora só resta chorar.
- Jason Prado

- May 1, 2016
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Foram muitos anos de descaso - não vai dar para arrumar com dois arrancos.
Já nem sei se o crédito deve ir a D. Manoel, lá em 1563, ou se podemos passar uma régua e começar dali mesmo, do século passado.
Nós (eu junto, e engajado) elegemos o engenheiro Leonel Brizola governador do Estado.
Ele tinha planos, amigos e ideais. Mas também tinha inimigos, pressa e ambição.
Muitos adorariam que se dissesse que a combinação foi explosiva, mas não é verdade: foi ácida, e com efeito retardado.
No primeiro mandato, Brizola semeou um estado melhor. Inovou em tudo, se arrumou com os quadros que tinha, montou um governo comprometido com o "social" e cercou-se de gente do bem.
No segundo, abandonou a lavoura.
De olho numa cadeira em que jamais viria a sentar, tornou-se um vigilante da cerca: cuidava mais do vizinho do que de seu próprio quintal.
Semeou (e colheu) garotinhos e outros fulanos (inhos) da crônica policial.
Garotinho foi o primeiro a gastar por conta: empenhou os royalties do futuro, para gastar com a eleição da Rosinha e da Bené...
Até ali tínhamos um norte moral. Mas degringolou, e veio o Sérgio Cabral, que mandou tudo às favas.
Embrenhou-se (e a todos nós), numa gastança de fazer vergonha a Gengis Khan. Mais royalties entravam, mais templos erguíamos: de Palácios para a Justiça a estádios de futebol. E a Delta foi crescendo.
A apoteose deste samba se deu quando o nosso governador bancou o ofendido, com a mudança dos royalties proposta por Dilma e encampada por Lula.
Da boca pra fora, manifestações na Cinelândia; no íntimo, reuniões com Lula e Eduardo Paes no Copacabana Palace, com direito a apoio ostensivo à eleição de Dilma Roussef.
Agora estamos aí: na pindaíba.
E não há petróleo que nos tire dessa enrascada - vai doer na carne, e muito, até que seja possível equilibrar a saúde do Rio.
Abrimos mão da indústria, dos serviços, da tecnologia - onde foram as nossas vocações (e lideranças) empresariais?
Até lá, sofreremos a quebradeira, o desemprego e a tributação excessiva promovida pelo Estado, como na conta de luz, que repassa um terço do valor final para os cofres secos do governo.
Aí está o jacaré, com o célebre guardanapo na cabeça, "andando no secozinho".




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