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A cada dia perdemos mais

  • Fernando Canedo
  • May 15, 2016
  • 2 min read

Outro dia escrevi aqui no Diário que estamos perdendo a nossa identidade. Naquele momento eu disse que as empresas fluminenses estão nos abandonando e, com isso, receitas, empregos e o orgulho de ser carioca.

Hoje, venho dizer que estamos perdendo muito mais do que isso.

Desde a chegada da família real em 1808, o Rio de Janeiro se tornou uma verdadeira capital européia. Dom João trouxe e instalou na cidade tudo aquilo que era indispensável à coroa.

Algumas medidas foram cruciais para tal, como a abertura dos portos, a construção de estradas, cancelamento da lei que não permitia a criação de fábricas no Brasil, a criação do Banco do Brasil e instalação da Junta de Comércio.

Como não podia deixar de ser, e para não morrerem de tédio, o Rei trouxe consigo a Missão Francesa de modo a estimular o pensamento e as artes, fundando inclusive a Escola Real de Artes.

Criou também a Biblioteca Real, Museu Nacional e ainda um centro de observação dos astros.

Como capital, o Rio cresceu e se modernizou na República, com Universidades, Museus e o centro financeiro do país.

Assim, mantivemos o Rio no mapa até que um infeliz decidiu transferir a capital para outro lugar. Maldito seja!

O Rio de Janeiro sobreviveu graças ao seu povo e efervescência cultural, que ditava padrões e comportamentos para o resto do país.

Sediando Radio Nacional, TV Tupi, Rede Globo, Record, e Manchete, ainda conseguimos manter aqui grandes escritores, artistas, e pensadores.

Entretanto, na era pós Brizola, fomos perdendo importância e o emblema cultural que detínhamos.

São Paulo, com seu poder econômico, foi comendo pelas beiradas até o ponto de poder fincar sua bandeira e buscar seu lugar ao Sol, apesar de não ter praias.

Um símbolo desse cenário é a Herbert Richers, fundada em 1956, e que em 2009 fechou suas portas. Triste, muito triste! Quem não ficava empolgado em ouvir: Versão Brasileira, Herbert Richers.”?

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Richers_%28est%C3%BAdio%29)

Porém, o pior ainda estava por vir. Em 2012 o prédio pegou fogo, e todo aquele acervo foi leiloado por R$ 1,7 milhão que serviu somente para quitar dívidas.

Mas como o que está ruim ainda pode piorar, agora os paulistas estão apagando nossas vozes icônicas.

Algum outro infeliz, não existiu só JK, teve a idéia idiota de refazer a dublagem dos clássicos. Recentemente Rodrigo Fonseca nos alertou: “Existe uma violação do patrimônio cultural audiovisual do Brasil sendo cometida dia a dia aos olhos e ouvidos (sobretudo), contra a qual precisamos reagir: a redublagem, câncer que apaga interpretações memoráveis a troco de uma economia de direitos autorais.”

Como exemplo muito significativo, temos os inúmeros trabalhos de André Filho, Mario Jorge, e Monica Rossi que com suas vozes encheram os lares dos brasileiros de alegria e cultura desde dos anos 80.

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Andr%C3%A9_Filho_%28dublador%29)(https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Jorge_de_Andrade)

(https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%B4nica_Rossi&action=edit&redlink=1)

Quem pode imaginar John Travolta, Eddie Murphy, burrinho do Sherek com outra voz? Já pensou Tony Manero “lançando um chaveco nas mina, meu”?

Não se trata de mero receio, estão colocando sotaque paulista nesses caras…

(http://cultura.estadao.com.br/blogs/p-de-pop/nos-embalos-de-mario-jorge-o-travolta-da-dublagem/)

Enfim, é hora de reagir!

Música baiana e sertanejo universitário até vai, mas mexer com cultura... Eu não aguento!


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