Parece piada, e é
- Jason Prado

- May 31, 2016
- 3 min read

Acabo de ler no Estadão que 34 deputados do Parlamento Europeu pediram o fim do diálogo com o Mercosul, pasmem, porque “o governo brasileiro não tem legitimidade”. Justo o continente que produziu as maiores "democracias" do universo, como a desses três generalíssimos da foto, e as de seus colegas (de armas e opinião), Charles De Gaulle, Antonio de Oliveira Salazar e o Grande Josef Stalin...
Precisei reler algumas vezes para afastar a possibilidade de engano.
Não, eles não estavam falando das questões da Venezuela, da democracia boliviana, ou sobre eventuais dúvidas acerca do combate à febre aftosa no noroeste do Brasil.
A questão é "a legitimidade do governo brasileiro".
E então me pergunto: em que milênio esses caras estão mesmo?
Você saberia dizer qual o destino preferido que oito em cada dez corruptos do planeta dão aos seus "proventos"?
Errou quem disse Suíça (que, por acaso, fica no coração da Europa).
São diversos países europeus juntos, incluindo a Suíça, é claro, mas também os Principados de Mônaco e Lichtenstein, a Ilha de Jersey (inglesa), Luxemburgo e até a Alemanha.
Mas a corrupção não é um dos grandes males do milênio, perniciosa porque desvia recursos da saúde, da educação, e do bem estar, rapinando continentes miseráveis como a África e a América do Sul? Como pode?
Bem, vamos trocar de assunto: que tal os temas “fraude” e “crimes ambientais”?
Como era o nome daquela empresa que cometeu o maior crime ambiental deste século, no Golfo do México? Seria British Petroleum?
E aqui no Brasil? O desastre de Mariana? Como é mesmo o nome da empresa controladora da Samarco? Seria BHP Billiton, de capital inglês?
E aquela outra empresa que luta contra a falência, depois que fraudou os dados de emissões de poluentes na atmosfera? Seria Volkswagen, a fabricante do tal Das Auto?
Parece implicância. E é.
Vamos mudar a brincadeira, porque está chato.
Falemos sobre as guerras mundiais? A primeira, por exemplo, que inventou e abusou das armas químicas? Sobre as Cruzadas, talvez? Ou sobre como os Europeus dizimaram o antigo e o novo mundo atrás de riquezas?
Ah, sim, um tema totalmente dedicado aos norte americanos: as explosões nucleares! Mas não foram os franceses que detonaram bombas atômicas no atol das Biquinis?
Que tal esquecermos esse passado esquisito e pegarmos um tema contemporâneo, bem do dia-a-dia do Brasil e do Mercosul: a “lava jato”.
Qual a origem de nove entre dez empresas estrangeiras envolvidas na roubalheira da Petrobras? Ganhou mil pontos quem disse Europa.
Comecemos pela SMB, precursora dos acordos de delação premiada, e a sua conterrânea Astra Oil, envolvida na maracutaia de Pasadena.
Ah, mas tem também o escândalo dos trens de São Paulo!
Pois é! As duas empresas que deram origem ao escândalo, inclusive fazendo acordos e indenizando os países vitimados, são a Siemens (alemã) e a Alstom (francesa).
Pra encerrar: o que estará por trás dessa tal proposta de cortar relações comerciais com o Brasil? Vilipendiar o preço de nossas mercadorias? Melhorar e garantir novas vantagens? Ou simplesmente nos mostrar o nosso lugar no planeta?
Tenho uma sugestão para todos esses europeus que nos acham “macaquitos” de terceiro mundo: o dia que vocês reconhecerem os equívocos embutidos na palavra “Conquistadores”, inventada por vocês para justificar o injustificável; nos pedirem perdão pelo dreno de plasma humano instalado em nossas veias com a escravidão; e devolverem pelo menos metade das riquesas que continuam pilhando até hoje, sob a forma de comércio exterior, extrações minerais, royalties e juros, pode até ser que valha à pena escutar vocês.
Até lá, por favor, fiquem calados.




Comments