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Saudades do antigo Metrô

  • Jason Prado - DP
  • Jun 4, 2016
  • 2 min read

Durante algumas décadas o Metrô foi motivo de orgulho para todos os cariocas.

Batíamos no peito: não tinha lugar mais limpo e seguro em todo o Brasil!

Chegava a ser desconcertante como tudo mais era sujo, decadente e depredados, enquanto o Metrô se mantinha acima do bem e do mal. Nem um chiclete, sequer, uma guimba… Nada!

Talvez seja leviandade dizer que o Metrô começou a descer a ladeira com a privatização. Mas há uma coincidência de datas entre a precarização do serviço e a troca do grupo controlador. O que não deixa de ser esquisito, porque o capital privado costuma ser mais eficiente na prestação de serviços do que o Estado.

Mas talvez seja essa mesma a razão: o Metrô não deixou de ser eficiente, mas foi ficando relaxado com muitas coisas, como se fosse uma coisa transitória, uma cessão de uso precária.

E agora estamos chegando ao fundo do poço com o sapato apertado dos grandes empreiteiros que vampirizam os trenzinhos subterrâneos.

Não é segredo para ninguém a composição acionária da Invepar, e as dificuldades que atravessam os seus controladores, incluindo os Fundos de Pensão, que foram desidratados de suas reservas por outras manobras descarriladas.

Antes que me interpretem mal, não estou falando dos músicos que alegram os vagões, nem dos camelôs e pedintes trazidos com a crise.

Não. Tem dois aspectos sérios comprometendo a qualidade do Metrô, e a perspectiva é de piorar. Vejam se não concordam: primeiro, não há uma única estação que não tenha permanentemente um ou mais equipamento em “manutenção”.

Coloquei as aspas de propósito, porque às vezes fico com a impressão de que a manutenção é apenas para economizar energia e a fadiga do próprio equipamento. Podem constatar. É uma esteira, uma escada, uma porta de trem, o ar condicionado no verão. Repetidas vezes, como as escadas rolantes da Praça Eugênio Jardim, no Cantagalo, na Estação da Carioca, no Largo do Machado… A foto desse artigo, por exemplo, mostra uma das saídas da Estação Uruguai que tem uma goteira permanente há mais de um ano. Goteira essa que, nos dias de chuva, fecha o acesso à escada.

A segunda coisa foi a atrofia do sistema - trens, estações, plataformas e bilheterias beiram o colapso nas horas de pico. Estações mais antigas, como a Saenz Peña, Cinelândia e Carioca, parecem verdadeiros formigueiros entre cinco e sete da noite. Os trens em direção à zona norte entopem agressivamente, com as pessoas se socando em desespero de causa. Pela manhã é no sentido inverso.

E os trens não conseguem se mover num contínuum entre as estações, com paradas intermináveis nas estações de entroncamento.

Mas se vocês acham que vai melhorar com a linha quatro, aqui vão as más notícias: vai piorar muito.

Depois que for inaugurado mesmo, porque por enquanto será apenas para inglês ver, o Metrô vai recolher pelo menos mais trezentas mil pessoas por dia dos BRT’s da zona oeste, mais os moradores da Barra, São Conrado, Gávea, Leblon e Ipanema. E vai soca-los com os já excessivos passageiros das linhas 1 e 2.

Aliás, esse era o meu último comentário: tudo isso será feito com um trilho para ir, outro para voltar. Haja logística! Ou problemas…


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