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"Negócio de Estado" aqui, virou Negócio com o Estado

  • Jason Prado - DP
  • Jun 7, 2016
  • 2 min read

Desde que Thomé de Souza fundou a Odebrecht, na Cidade de São Salvador, as riquezas aqui no Brasil gravitam em torno dos Palácios.

Agora são os cientistas: querem o Ministério de volta.

Razões não devem faltar. Todos que tem voz nessa briga estão, obviamente, fortalecidos por anos de suculentas pesquisas, bolsas de marca internacional para isso e aquilo, prodigiosos inventos, Cátedras.

— O Ministério facilita a interlocução, dá voz ao setor!

O tipo de interlocução que se esconde por trás dessas afirmações não é o de melhor interesse do Estado. Para isso, convenhamos, bastariam Câmaras Setoriais, comandadas por pastas axiais, como Educação, Saúde, Negócios, Transportes etc.

Mas, enxugar a máquina estatal, isso emperra a outra máquina do Estado, aquela encarregada de produzir privilégios, de tutelar os pares do reino, construir igrejas e condados com o erário.

Daqui a pouco será hora de perguntar: mas por que não um Ministério da Informática? Afinal, nem todas as Ciências são Tecnológicas. A informática é o futuro da humanidade!

E por que não um Ministério do Audiovisual? Que interesses comuns existem entre o sertanejo, as belas artes, a literatura e o cinema?

E que tal um Ministério dos Transportes Urbanos?

Tive ótimo trânsito junto Ministério da Cultura enquanto produtor cultural, mas nem por isso acho que deveríamos patrocinar essa divisão esquizoide (como dizia Alcione Araújo) entre Educação e Cultura.

Como está, a Cultura sempre andará a reboque das estatais, da renúncia fiscal, do apadrinhamento (ou engajamento) político, disputando os espaços da Economia Criativa com o Sebrae. Enfim, de pires na mão, sacrificando idéias e talentos em editais…

Particularmente, não conheço nada mais covarde do que edital de idéias. Só a Cultura e a Arquitetura, com sua eterna indigência, se submetem a parir projetos sem qualquer contrapartida. E jamais escutei uma voz no Ministério sobre este costume bárbaro, assemelhado à escravidão.

Livre das “coisas menores” da Cultura, a Educação segue adiante priorizando as ciências exatas, a formação de mão de obra para o capitalismo tupiniquim, e as opulentas sesmarias do ensino privado, dos vestibulares, das compras de livros.

As escolas se distanciam cada vez mais da formação cultural, para formar fortunas sob a forma de matrículas, e operários disciplinados.

Meus sessenta e poucos anos de idade me permitiram identificar três grupos distintos de brasileiros:

  • alguns poucos que trabalham no Estado,

  • muitos que trabalham "para" o Estado, e

  • a maioria silenciosa que sustenta o Estado.

É preciso defender essa maioria!


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