O prefeito surtou
- Jason Prado, DP
- Jul 12, 2016
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Depois de quase quatro anos submerso em suas obras (e obrando intensamente para impedir uma CPI na Câmara dos Vereadores sobre as mesmas), o alcaide saiu de um transe e surgiu em um novo papel - o papel ridículo.
O transe a que me refiro foi resultado do choque de realidade a que foi exposto depois do carnaval na sua reeleição, em 2012.
Lembram? Ele tinha um rei na barriga. Reconduzido à glória por aclamação popular. E os garis, alheios à sua divindade, entraram em greve em pleno carnaval, deixando a cidade soterrada em lixo.
Até então ele era Paes, o midiático. As pessoas o elogiavam por sua disposição para enfrentar críticas; suas entrevistas eram ponderadas; era um incansável síndico deste enorme condomínio multicolorido e promissor.
Sumiu. Até fins de 2015.
Então viu o seu sonho de alvoradas planaltinas ameaçado, e pronto: emergiu de onde quer que se encontrasse e começou a atirar no próprio pé. Com tanta eficiência que às vezes consegue acertar os dois de uma vez com um tiro só.
Tenho dúvidas sobre o episódio Pedro Paulo. Escolher um candidato com inquérito policial por agressão à esposa, em plena era do discurso pró minorias, teria sido causa ou consequência de tudo isso?
Fato é que, de lá pra cá, a escadaria dele parece não ter fim. Que eu me lembre:
quando o país inteiro já dava sinais claros de apoiar o impeachment da ex-presidente Dilma, conspirou com Picciani e Pezão para impedir o processo, exonerando secretários para eleger o filho do presidente da Alerj líder do partido na Câmara;
ainda não deu explicações sobre o episódio da visita ao gabinete do Delcídio Amaral acompanhado de Romário, envolvendo a desistência do baixinho de concorrer a prefeitura, e o estranho caso das contas do ex-jogador na suíça, num banco controlado pelo BTG Pactual, onde trabalha o irmão do prefeito…
do nada, sem que a maioria pudesse entender que estava atacando o seu amigo, correligionário e aliado Carlos Alberto Osório (que se atreveu a contrariá-lo e assumir candidatura própria pelo PSDB à sua sucessão), concedeu entrevista bombástica, acendendo todos os alertas possíveis sobre os Jogos Olímpicos, dizendo que o Metrô não ia ficar pronto porque o Estado tinha feito tudo errado e não tinha dinheiro para pagar a linha quatro;
numa demonstração de profundo divórcio entre a pessoa que é, e a que gostaria de ser, foi flagrado num diálogo chulo e promíscuo com o ex-presidente Lula, desses que não se apaga nem com cloro e reza brava;
e, para não estender mais do que o necessário, esta semana tem dado declarações duvidosas, utilizando as também indeléveis redes sociais para dizer o indizível, como mandar os insatisfeitos saírem do Rio.
O primeiro mandato foi bom.
O segundo ainda precisa passar pela peneira.
Como a CPI não deve destravar na Camara dos Vereadores, e o Tribunal de Contas do Município é regado a Whisky com Guaraná, seu pesadelo fica restrito às investigações e delações premiadas orquestradas pelo Ministério Público e a Polícia Federal, sob a batuta dos maestros da Lava Jato. Os sinais de fumaça já circularam na mídia.
Pode ser que eu esteja enganado, porque óleo e combustível não devem faltar para azeitar e movimentar as máquinas eleitorais da cidade. Mas parece que, politicamente, o homem que está perdendo a cabeça sabe que já perdeu a expressão.




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