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No fio do bigode ou da navalha

  • Sérgio Bandeira de Mello, Gico
  • Jul 17, 2016
  • 2 min read

Maranhão pertencia a Sarney. Bem, até aí morreu Neves; não o Tancredo, vítima de diverticulite combinada à natural ansiedade pelo novo regime; e muito menos o seu neto que, muito vivo, já exerceu semelhante cargo com muito mais tranquilidade.

Tranquilidade até aqui, pois, parecendo uma ação promocional do novo filme da franquia Caça Fantasmas exibido na esotérica Brasília, novas machadadas no passado prometem expulsar alguns esqueletos do armário da Câmara ardente. E não no sentido tórrido da expressão, sabidamente de caráter homoesquelético, alimentado pela anorexia investigativa do corporativismo latente apenas quando tomada de forma voluntária, não passiva. Quer dizer, passiva também, mas por outro lado da questão.

Tudo indica que o longevo armador da Transpetro, o Onassis de Renan, traíra que pulou do barco com tornozeleiras flutuantes para não morrer afogado de processos, sairá das profundezas de morto-vivo jurado de morte para atingir esse velho comandante da casa mal assombrada, que volta e meia é obrigada a entregar a cabeça do cabeça.

E não será diferente com Valdir ou Waldir Maranhão. Nem vale uma consulta ao jornal de anteontem para garantir a grafia correta; nem mesmo uma clicada para nova janela no Google, pois o de hoje não o traz nem mesmo no sumário da semana, curiosamente na primeira vez desde a traição ao plenário que admitiu a abertura do processo de impeachment. Sim, o ineditismo contido na condução de uma sessão da Câmara do início ao fim pelo breve “prócer por acaso” sequer mereceu destaque entre as manchetes que cobriram as recentes mudanças no Legislativo. E não foi por acaso.

Não foi um mínimo de respeito ao suicídio político do fugaz ocupante do posto que marcaria a eleição do sucessor, mas simples e generalizada pressa. Graças à ação do Supremo que ejetara o dejeto anterior da cadeira, Maranhão assumira um mandato tampão que poderia durar um tempão, mais que uma gestação. Porém, iludido por um desafinado canto da sereia, saído do peito onde batia um coração valente, o do comunista Dino, nome de guerra do dinossauro, a pobre criatura mergulhou na desastrada aventura de socorro ao infartado e destemido órgão cardíaco. Ficará na história como traidor da Casa e da causa, tendo desperdiçado seus 15 minutos federais de fama em nome de uma suposta lealdade às quiméricas legiões antigolpistas.

Trata-se de mais um azar do Maranhão, desta vez o sofrido estado homônimo, que, por meio de seu governante fóssil, terá, a partir de agora, o fardo de sustentá-lo como uma amante sem dotes ou sal.

Execrado pelos companheiros, alvo de representação no conselho de ética, viverá no fio da navalha, a exemplo do antecessor que aguarda agosto, mês que há de fazer jus à fama como nunca. A menos que a vítima da dupla Dino-Cardozão volte aos acordos patrocinados pelos fios dos bigodes de Sarney que – está na cara - inspiraram a sua carreira política.


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