Freud na terceira idade
- Eduardo Simbalista, DP
- Jul 30, 2016
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Terra incógnita.
Bem vindo à terra incógnita da hysteria.
Se você é tudo, já não é nada, nem ninguém.
O sonho sonhado não é nada perto do sono perdido.
O horror do pesadelo é acordar.
Uma cagada interrompida causa mais mal do que o coito interrompido.
A maturidade entorpece os sentidos. Já não há correlação entre corpo e mente, apenas sintomas mórbidos de distúrbios mentais. Leves.
Já não há impulsos sexuais capazes de provocar desordem de qualquer ordem.
A noção do sexual não se deixa definir facilmente: os órgãos sexuais são irreconhecíveis.
Já não há energia a ser sublimada.
As perversões são perversas.
A angústia não nasce da libido; fobias criam um estado de angústia geral.
A vida são máscaras postiças, como a bengala e as perucas.
Bengalas não evitam queda de cabelos.
Tremores, palpitações, vertigem. Ninguém se lembra de nada, nem dos remédios.
Germes neuróticos e psicóticos povoam a mente primitiva.
As palavras engasgadas já não são entendidas; o velho balbucia o incompreensível, tanto quanto, jovem adolescente, era incompreendido.
O pessimismo não é nem excepcional nem acidental.
Os nadas são melancólicos; as anomalias são tristes.
Os defeitos se avivam; as virtudes nem tanto.
Mecanismos mentais conduzem a processos patológicos que levam a atos inconsequentes que beiram a insanidade.
Tudo é crônico no velho anacrônico, neurótico suspeito no mundo hostil dos sorrisos amáveis.
Somos todos doentes.




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