Pode isso, Arnaldo!
- Sérgio Bandeira de Mello, Gico
- Aug 20, 2016
- 2 min read

Não, não dormi ou errei no ponto; é o de exclamação mesmo o sinal gráfico que fecha o título. O normal, o de interrogação, eu deixo para Galvão e seus bem amigos questionarem o árbitro escalado pela Rede Globo.
Trata-se de uma constatação partida de um observador confessadamente boquiaberto, que viu o público carioca, normalmente avesso ao apito, torcer pelo juiz. Não, o presente artigo não visa a qualquer ligação com a Operação Lava-jato ou outra pretensão política, pois remonta a uma luta de boxe entre o Azerbaijão e o Cazaquistão, embate ocorrido nos Jogos Rio 2016.
Sem saber quem representava o país mais fraco entre essas antigas repúblicas socialistas soviéticas, ainda tudo Rússia para os menos versados em luta geopolítica fora do ringue, o público abraçou o juiz, de nome Jones Kennedy, certamente uma homenagem de uma família brasileira a um dos mais importantes atores da Guerra Fria.
Recuso-me a acreditar que tenha sido a indumentária de garçom tropical, com gravatinha borboleta e tudo, o motivo da conquista definitiva da plateia, mesmo observada a fila quilométrica para a cerveja.
O fato é que a cada intervenção do árbitro, notadamente na separação dos clinches que se sucediam durante a luta, os espectadores, separando ritmadamente as duas sílabas, ju-iz, ju-iz, ju-iz, manifestavam-se vibrante e abertamente pela flagrante imparcialidade do mediador paraense.
Não fosse a lamentável mentira perpetrada pelo protagonista do episódio Rio Watergate, incidente diplomático que envolveu a Shell em questionamentos mais adequados às características de um posto Ipiranga, a família Kennedy estaria de volta aos jornais dos States.
Por falar no recente indiciamento do nadador americano por falsa comunicação de crime, as autoridades do Comitê Olímpico Americano poderão contar com os serviços de um magnífico advogado brasileiro, especialista na defesa de falsa comunicação de golpe.
Tribuno de mão cheia, porém já bem próximo do desemprego, coisa de pouco mais de 10 dias, esse potencial defensor dos nadadores saberá construir uma bela narrativa não dolosa. Pressionados pelas quatro bexigas independentes e pela distância da Casa da França, na Lagoa, à remota Vila Olímpica, os atletas não poderiam ser condenados pelo conjunto da obra no posto, que só previu uma privada.
Clara violação de intimidade, a raposa jurídica também haveria de pedir vênia para alertar que as imagens de seus constituintes não poderiam ter sido gravadas sem prévia autorização judicial.
Pode isso, Kennedy?




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