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Mulheres fatais

  • Eduardo Simbalista, DP
  • Aug 24, 2016
  • 2 min read

foto de redes sociais

Coube à ubermusa loura Gisele Bündchen dominar, com a sua esvoaçante elegância, a passarela jobiniana do Maracanã na festa de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio.

E coube à viúva do traficante Diná Terror, agora rainha do Faz Quem Quer, dominar a noite de encerramento da festa olímpica na boate All In, abocanhando o troféu de Usain Bolt. E esnobou a ejaculação precoce do atleta que, como se espera de qualquer recordista, foi rápido demais. Talvez preferisse ter saltado com o brasileiro da vara.

Mais do que os homens, hipnotizados e incapazes de raciocinar, as mulheres se perguntam de que são feitas as mulheres fatais. Existiu em Paris uma Liga contra as Mulheres Fatais, vista pelas respeitáveis donas de casa como inimigas da sociedade, vampiras perigosas a pôr em risco os casamentos e as famílias.

O arguto Pitigrilli desvendou o enigma do mistério das mulheres fatais, definindo-as simplesmente: são mulheres fatais aquelas que entre si próprias e o homem que as procura colocaram alguma dificuldade ou criaram alguma complicação. São as “grandes amoureuses”, as “femmes à catastrophes”, dissipadoras que arruínam os homens e derrubam reputações, ministros e reis.

Ao passar, deixam rastros de perfumes inebriantes, apertando o andar a ponto de desafiar a anatomia, lançando olhares enfumaçados de volúpia até atrair o palhaço da noite, isto é, aquele que, julgando-se o eleito, lhe dará tudo e nada a um só tempo.

Na Grã-Bretanha, mesmo, um herdeiro trocou o amor ao reino pelo reino do amor. E seu sobrinho trocou o amor e o trono pela mulher que lhe sussurrava pequenas safadezas e enormes indecências ao pé do ouvido sujo.

Um político e banqueiro brasileiro viu-se enredado, depois de velho, nas ligas das meias de uma miss, isso quando as jovens sedutoras usavam ligas e meias. Foram preveni-lo: doutor, andam dizendo... E ele, orgulhoso do nada: deixem que falem. Isso me dá votos...

Outro, ditador imprevidente e mais tarde presidente, se apaixonou por uma vedete do teatro rebolado, e quase perdeu a cabeça a caminho do Quitandinha, na estrada da serra fluminense de Petrópolis.

Outro ainda, construtor de capitais, construía pontes e viadutos por um rabo de saia. Pela mulher fatal era capaz de erigir loucuras.

Um presidente francês atribuiu a longevidade no poder à amante que manteve por longo tempo.

Meu mal foram as mulheres ligeiras e os cavalos lerdos, confessou o político gaúcho Flores da Cunha ao ver-se velho e pobre, tendo sido general interventor e rico fazendeiro.

Agora, Bolt recordista, correu atrás de uma mulher para ele impossível. E, ao rasgar a fantasia, perdeu a compostura e o brilho.


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