Nos tempos da Cartolina
- Sérgio Bandeira de Mello, Gico
- Sep 15, 2016
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Apesar de terem andado juntas por um bom tempo, a cartolina sobreviveu à brilhantina. Eram geralmente feitos em cima de cartolina os maiores desafios de alunos e condôminos, obrigados a apresentar trabalhos sobre qualquer coisa, de monções do Índico a moções contra o síndico. E era muito comum que, em trabalhos em grupo, uns e outros deitassem na sopa, por falta de tempo ou convicção. Contudo, não raro, minutos antes da entrega, alguns iluminados surgiam do ócio (in)voluntário para arruinar a apresentação com uma ideia brilhante, e não por causa do produto que usavam para domar os cabelos. Eles não tinham PowerPoint. Imagino o frisson causado na reunião de cotistas do Edifício Solaris, no Guarujá, quando a falida Bancoop foi substituída pela pujante OAS. Quem seria o laranja do Homem? Sim, pois qualquer decisão seria submetida ao crivo daquele que salvara o prédio das garras da Cooperativa dos Bancários, especializada em fingir bancar otários na bancarrota. De salão de festas a espaço gourmet, tudo seria decidido pela patroa dele. Nos tempos da cartolina, como os investigadores enfiariam o vértice comum entre enriquecimento e José Dirceu? Só com muita brilhantina.




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