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Os cupins da democracia

  • Jason Prado, DP
  • Nov 5, 2016
  • 3 min read

Se alguém se espantou com o resultado das urnas, foi apenas porque não quis acreditar no que via: nosso modelo político acabou. Foi soterrado pelas atrocidades cometidas em seu nome, por aqueles que dele deveriam cuidar.

Durante anos, esses ilustres mandatários transformaram em peneira o manto da representatividade política, como cupins insaciáveis esfarinhando a madeira seca.

Não se passa um único dia sem que sejamos agredidos pelo cinismo desses oportunistas, seja se concedendo benefícios a que a população não tem direito, seja elaborando planos para ludibriar o erário. Quando não somos “brindados” com suas declarações, de corar cafetina de baixo meretrício.

Nada, absolutamente nada, é para o bem estar comum. Dispensam-se exemplos, pois nos chegam aos milhares, pela internet, pela imprensa e pelas redes sociais.

Neste cenário exasperador, o Rio de Janeiro chega perto do fundo do poço. Anotem o perto. O fundo é bem mais abaixo.

Sérgio Cabral, Pezão e toda a Assembléia do Estado (não se eximam de culpa Picciani e Paulo Melo) foram eleitos dentro do sistema de representatividade democrática. Dentro da Lei e das regras, como costumam repetir o PT e seus advogados. Como também o foram Lula e Dilma, FHC e Fernando Collor de Mello. E cada um dos deputados e senadores desses últimos trinta anos…

Não foram o Mensalão e o Petrolão, muito menos foi a Polícia Federal, o Ministério Público, o Judiciário, ou este e aquele governo, que desnudaram as práticas criminosas do sistema eleitoral. Engano.

O que expõe essa delinquência nunca antes imaginada é a tecnologia da informação. Ela, que se aproxima do conceito bíblico de Deus - onipresente e onisciente - é a grande responsável pela desconstrução desse modelo bichado.

Como podemos chamar a eleição dessa gente de democrática, se sabemos que foram eleitos em processos viciados? Nadando em rios de dinheiro público? Antecipado sob a forma de “doações legais” e posteriormente desviado com juros e correção monetária?

Esse é o verdadeiro empréstimo consignado, não aquele do Paulo Bernardo.

Como podemos dissociar a falência do Estado do Rio (e a enorme crise econômica a que todo o país atravessa), sem nos questionarmos sobre a competência desses senhores, levados ao poder não pela “vontade popular”, como se costuma dizer, mas pelo dinheiro viciado dos nossos capitalistas de merda, casados com nossos políticos idem?

Teriam eles sido eleitos num jogo realmente democrático? Teriam eles sido apoiados pelo capital que os elegeu, se fossem realmente comprometidos com a “coisa pública”?

Perdemos a última década construindo monumentos com a riqueza do petróleo no Rio. Não faltam palácios e arenas. Do Tribunal de Justiça e seus Fóruns regionais aos estádios do Pan, da Copa e da Rio 2016. O sistema produtivo se concentrou no Óleo e Gás e abandonou vocações naturais, como os polos de TIC (Tecnologia da Informação e da Comunicação), o agronegócio, a construção… O Rio está asfixiado em tributos ao sistema produtivo.

Agora vamos perder a próxima tentando acertar o passo. Mas o sistema continua o mesmo.

Que responsabilidade têm nisso os nossos mandatários e deputados? E a responsabilidade de quem desequilibrou o jogo para fazê-los entrar? Vão ser anistiados numa delação premiada?

Lembro da manobra de Sérgio Cabral na eleição do Eduardo Paes, contra o Fernando Gabeira. Típica do esperto que todos repudiamos cada vez mais, e que se reflete nas abstenções e votos nulos colhidos há dias.

E vem o temerário Presidente da República sugerir que a forma de consertar isso é acabar com o voto obrigatório? O Tóffoli pede vistas num processo para não criar desconforto ao Renan? O STF não abre o processo contra o Renan, sabe-se lá por que cargas d’água? O Congresso acha possível uma nova brecha de repatriação de recursos e anistia ao caixa dois?

Eu acredito no 14 de julho verde e amarelo, e nem me importo com a data.

Não nos faltam Antonios Conselheiros, nem motivos para revolta.

Essa gente está brincando com fogo.



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