A ponte (para o futuro) que partiu
- Sergio Bandeira de Mello, Gico
- Feb 3, 2017
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Em nome da então anunciada diminuição do número de ministérios, um dos pilares da ponte para o futuro, Moreira foi para o sacrifício. Destituído de vaidade, talvez por ter sido governador do Rio de Janeiro, cargo de importância muito maior, o humilde pedreiro da construção ora paralisada topou ficar sem pasta.
Conhecedor dos cálculos da projetada obra de arte, soube dosar o traço do concreto a ser virado nas parcerias público-privadas, trazendo à argamassa com brita a fluidez necessária à acomodação nas formas previamente armadas.
Portanto, ao recusar de fato o apelido dado por Brizola, e demonstrar que o gato angorá não mais necessitava de afagos constantes, enquanto outros, não tão chegados ao presidente, gabavam-se por ostentar o status de um endereço exclusivo na Esplanada, Moreira logrou galgar os degraus do próprio Planalto.
Entretanto, segundo vazamentos dignos de um mestre de obras que não optou por Tigre, o bichano subira no telhado montado pela Odebrecht, reconduzindo o felpudo felino à condição anterior à alcunha estampada pelo rival gaúcho, quando era conhecido por bebê chorão.
Não obstante a condição de segundo sogro da república, mãos à obra e joelhos no chão, a rediviva criancinha, berreiro reaberto, resolveu engatinhar com os próprios membros em direção ao porvir. Sem posse tomada ou um ágil “Bessias” para chamar de seu, devia se esgoelar até a publicação do arranjo no Diário Oficial.
Como lembra a marchinha de outros carnavais, em que as tetas de mamãe eram solicitadas para mamar em foro privilegiado, espécie regimental de chupeta pro bebê não chorar, o nome dele é Moreira.
Destarte, corroborando a união entre suas corriqueiras e novas atribuições, seria necessária uma variante público-privada à provisória pinguela em uso, pois um viaduto seria urgente para ultrapassar os constantes transtornos em Bangu, todos derivados da ponte que partiu.




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