Antes do "politicamente correto", o machismo corria solto no carnaval
- Carlos Monte
- Feb 20, 2017
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Nas décadas de 1930 e anteriores, antes da introdução da legislação trabalhista e da censura do DIP à malandragem, ambos os fatos por determinação do presidente Vargas, a discriminação contra a mulher corria solta. E os sambas e marchas refletiam isso. Incluí o link de todas para facilitar a audição.
Ora vejam só
Ano: 1925/1927
Gênero: Samba
Autor: Sinhô (José Barbosa da Silva)
Intérprete: Francisco Alves
Ora vejam só
A mulher que eu arranjei
Ela me faz carinhos até demais
Chorandoela me pede meu benzinho
Deixa a malandragem se és capaz
A malandragem eu não posso deixar
Juro por Deus e (por) Nossa Senhora
É mais certo ela me abandonar
Meu Deus do Céu, que maldita hora
A malandragem é um corpo primário
Que a qualquer xxx ensaio
É um arranco atrás de cada vida
Só vence a morte
Vive firme ao contrário
Gravado também por Mario Reis com Radamés Gnatalli e Orquesta em 1951
sem o terceiro verso acima que só aparece na gravação de Francisco Alves
Para ouvir: http://acervo.ims.uol.com.br/index.asp?codigo_sophia=18477
Amor malandro
Ano: 1929
Gênero: Samba
Autores: Freire Junior e Francisco Alves
Intérprete: Francisco Alves
Vem, vem
Que eu dou tudo a você
Menos vaidade
Tenho vontade
Mas é que não pode ser
O amor é o do malandro
Oh meu bem
Melhor do que ele ninguém
Se ele te bate
É porque gosta de ti
Pois bater-se em quem não se gosta
Eu nunca vi
Para ouvir: http://acervo.ims.uol.com.br/index.asp?codigo_sophia=12082
Mulher de malandro
Ano:1931/1932
Gênero: Samba
Autor: Heitor dos Prazeres
Intérprete: Francisco Alves
Mulher de malandro sabe ser
Carinhosa de verdade
Ela vive com tanto prazer
Quanto mais apanha
A ele tem amizade
Longe dele tem saudade
Ela briga com o malandro
Enraivecida, manda ele andar
Ele se aborrece e desaparece
Ela sente saudade
E vai procurar
Mulher de malandro sabe ser
Carinhosa de verdade
Ela vive com tanto prazer
Quanto mais apanha
A ele tem amizade
Longe dele tem saudade
Muitas vezes
Ela chora
Mas não despreza o amor que tem
Sempre apanhando e se lastimando
E perto do malandro
Se sente bem
Para ouvir: http://acervo.ims.uol.com.br/index.asp?codigo_sophia=2637
e mais: https://www.youtube.com/watch?v=R3x7lJfuUik (c/ Violeta Cavalcanti)
Lá vem ela chorando (Dinheiro não há)
Ano: 1932
Gênero: Samba
Autores: Ernani Alvarenga e Benedito Lacerda
Intérprete: Leonel Faria
Lá vem ela chorando
O que que ela quer?
Pancada não é, já sei
Mulher da orgia quando começa a chorar
Quer dinheiro
Dinheiro não há
Não há!
Carinho eu tenho demais
Pra vender e pra dar
Pancada também não há de faltar
Dinheiro, isso não, isso eu não dou a mulher
Faço descer a terra, o céus e as estrelas
Se ela quiser
Mas dinheiro não há!
Para ouvir: http://acervo.ims.uol.com.br/index.asp?codigo_sophia=12200
Só dando com uma pedra nela
Ano: 1931/1932
Gênero: Samba
Autor: Lamartine Babo
Intérprete: Mario Reis e Lamartine Babo
Mulher de setenta anos
Já cheia de desenganos
Que usa vinte e cinco gramas
De vestido na canela
Só dando com uma pedra nela
Só dando com uma pedra nela
Menina que pede esmola
Com um cofre de peso imenso
Que pede pra Santo Onofre
Prá levar pra São Lourenço
Só dando com uma pedra nela
Só dando com uma pedra nela
Cantora do instituto
Que canta toda semana
Ao escrever no quadro negro
Artilharia rusticana
Jogar o quadro negro nela
Jogar o quadro negro nela
Não tomo de voleibol
Não tomo de basquetebol
Com este meu corpinho assim
Eu só tomo é leitebol
Só dando com uma pedra em mim
Só dando com uma pedra em mim
Para ouvir: http://acervo.ims.uol.com.br/index.asp?codigo_sophia=13505
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