top of page

Lula cá

  • Sergio Bandeira de Mello, Gico
  • Apr 15, 2017
  • 2 min read

Confirmando a tese de que tudo no Brasil começa na Bahia, foi lá, em uma apimentada greve no Polo Petroquímico de Camaçari, que Lula começou trabalhar em prol da Odebrecht. Palavra cantada pelo atual chefe do clã.

Ainda sem jatinho particular, agenda política no exterior, comissário ou comissão de bordo com pagamento em dólares, pode-se concluir que, de certo modo, a reunião com os sindicalistas baianos deve ser considerada a primeira palestra patrocinada pela premiada empresa. Sem medo de ser feliz, Emílio Odebrecht viu brilhar uma estrela; apostou no chefe perspicaz e ganhou um amigo guloso. “Ele pega as coisas rápido” – revelou o empresário delator.

A gente sabe disso. E como pega coisas o danado. Pega, desfruta e acumula, mas a culpa pelo sumiço, o dolo, uma vez descoberto, flagrante, vai para a conta dos outros. A eventual fatura na justiça é repassada sem pena dos amigos, dos correligionários, dos companheiros, dos laranjas, dos apavorados, dos fascinados, dos ameaçados, dos apaniguados, dos postes, dos escravos, dos fiéis, dos cúmplices, dos gilbertinhos, dos okamotos, dos cegos e dos surdos. Dos ingênuos, não mais. Que o diga a estranha química com a Petrobras. Bras, quem, Braskem? Pergunta no Posto Ipiranga.

“Ele percebe aquilo que tem valor com intuição pura.” Valor só, não. Valores. Em dólares, euros, reais, sítios, coberturas, institutos, triplex e boas ações. Preferenciais, de preferência. As outras seguem pelos fundos. De pensão.

“É um animal político, um animal intuitivo.” Caro, mas fácil de ser amestrado, o bicho dava espetáculo e encantava plateias, não raro como jararaca ilusionista. Iludiu quase todo mundo por muito tempo, e muita gente ainda acredita no molusco que é réptil, evolução do batráquio barbudo que engasgou o inimigo enquanto mamava do amigo que transformaria em peixe, fechando o círculo da boa vida, o bon vivant preconizado por Golbery, que fez da política uma cachacinha.

Não é à toa que o amigo do Amigo costumasse comprar a CUT e a Força sem fazer força além da sindical. No dito calendário de lutas, há muito tempo, tinha dia de pagamento no meio da greve.

Lula lá, amigo em Brasília, Lula cá, Amigo na planilha.

Comments


bottom of page