O mundo precisa de Jerry Lewis
- Luciano Bastos, DP
- Aug 25, 2017
- 2 min read

Fazer humor é talvez tão difícil para o ator como fazer a mais complexa das tragédias. Quando o humor é sinônimo de identidades como a de Chaplin, Grouxo Marx, Buster Keaton, Harold Lloyd, Stan Laurel, Oliver Hardi, entre outros reis do riso, há além da genialidade, da forma sublime de se expressar, uma enorme possibilidade de deixar que se percebam significados bastante expressivos e complexos naquilo que transmitem. Jerry Lewis, mais contemporâneo do que os citados acima, talvez seja o último personagem a nos trazer uma graça que exige uma expressão corporal tão especial e tão autêntica, e também o último a trazer a ingenuidade e a generosidade que encantam crianças e adultos. É muito difícil ficar indiferente a comédias magníficas como “O mensageiro trapalhão”, “O terror das mulheres”, “O delinquente delicado” ou “Cinderello sem sapatos”, entre muitas outras que Lewis fez com Dean Martin e outras em voo solo. Cantou, dançou, esperneou, fez milhares de caretas, centenas de mímicas, e chegou a fazer um drama dirigido por Scorcese, chamado “O rei da comédia” em que o personagem vivido por De Niro, um aspirante incompetente a comediante, sequestra o personagem de Lewis, um comediante famoso, depois de não conseguir que este o levasse ao estrelato. Muitas vezes Lewis dirigiu seus filmes e foi também muitas vezes dirigido pelo seu amigo Frank Tashlin. Foi mais reconhecido na Europa, sobretudo na França, do que no seu próprio país, onde era tido mais como um garantidor de boas bilheterias do que um inovador. Se a crítica americana não enxergou suas imensas qualidades, foi bem diferente na avaliação dos críticos franceses que o colocaram com muita justiça num patamar de humorista genial. Hoje dediquei parte da minha noite para rever “O professor aloprado” e mais uma vez entrar em contato com a graça desse comediante maravilhoso que nos deixou há dias. Acredito que um dos primeiros filmes que assisti indo sozinho ao cinema foi “Bancando a ama-seca” lá pelos idos de 1958 no recém inaugurado cine Flórida em Copacabana. Este cinema depois virou um supermercado Disco. Como quase todos os cinemas de rua desapareceram, desapareceu também com 91 anos o inesquecível Jerry Lewis que fazia a gente voltar à infância todas as vezes que víamos um filme seu. Descanse em paz




Comments