A Materialidade da Mala
- Sérgio Bandeira de Mello, Gico
- Nov 22, 2017
- 3 min read

Temer promoveu uma reviravolta no caso em que foi acusado por Janot de enviar um emissário à Pizzaria Camelo, nos Jardins, bairro elegante de São Paulo, para receber uma mala recheada com R$ 500 mil.
Minha vocação para o jornalismo investigativo falou mais alto. Já o meu estômago roncou um tom acima da frugalidade que me é peculiar.
Portanto, de forma mezzo calabrezza, mesoclítica, eu confesso aos meus caros leitores que um tanto de fome unir-se-ia à vontade de comer e ao condão de me conduzir ao local do crime.
Suposto crime, segundo o mais graduado policial federal do apetitoso pedaço, gentilmente empossado ontem pelo hipotético criminoso.
Minha presença física no palco das investigações propiciaria o prisma ideal ao desvendamento do mistério ocorrido no estacionamento anexo ao estabelecimento de duas corcovas que, como se sabe, não é um dromedário. As redes sociais, que tanto se utilizam das fake news, ingênua ou maliciosamente, devem saber que é esse o mamífero que aparece em destaque no enganador maço de Camel, entre palmeiras de um oásis e duas pirâmides, se não me engano, Gizé e Madoff, esta uma múmia transferida para Nova Iorque, assim como boa parte do patrimônio histórico egípcio.
O pau mandado na controversa versão de Janot quer saber, para recomeçar as investigações da maneira correta, que jardins são esses. Cidade Jardim? Europa? América? De Alá? Ângela? De infância? No último caso, um curador de menores ligado ao MP deve ser nomeado para acompanhar os primeiros 18 anos do processo em curso.
Segundo o experiente policial, durante a operação Lava-jato adido na África do Sul, posto de extrema relevância para o combate à corrupção levado a cabo com o aval da sociedade brasileira, há que se apurar para que a materialidade da mala não se perca ou se extravie na esteira rolante dos últimos acontecimentos.
Pelo filme financiado pelos papas do gado em confinamento, ora em solidário cativeiro com os pobres animais, em trecho amplamente divulgado pela Rede Globo, mídia pós-golpista, Rocha Loures exibia apenas pressa na condução de uma mala no trajeto entre o estacionamento e o táxi – nada de Uber ilegal.
Ora, ora, na Cidade do Cabo ou em Cabo Frio, dinheiro não esfria nessa fase. Ao contrário, deve ser esquentado; de preferência, por meio de lavagem a seco em alta temperatura, mesmo na Suíça, hoje um paraíso tão desacreditado quanto o do Adão e Eva ou do casal Cabral e Adriana.
Já a pizza, sobretudo a preferida dos barões do café, a alici branca, torna-se intragável após 10 minutos fora do forno a lenha.
Poucos sabem dessa característica da política paulista, porém constatei de próprio paladar que nem todas as pizzas salgadas levam muzzarela em sua composição básica.
A mala, portanto, poderia estar recheada exclusivamente de presunto de Parma, pepperoni, linguiça calabresa e até Berlusconi, como preferem os exóticos criminosos do mediterrâneo que acabaram com as mãos limpas.
As verdinhas encontráveis em tais equipamentos para viagem costumam ser molhos de rúcula acompanhados das folhas da própria hortaliça amarga, ali colocadas unicamente para despistar os cães farejadores dos aeroportos de Brasília, que apreciam a iguaria italiana.
O orégano, a páprica, o manjericão, o alecrim e a propina, esta em espécie nativa ou em pó, à moda Aécio, deixam cheiros e marcas inconfundíveis.
Destarte, tenho para mim, e externo a minha opinião ao mais ilustre componente da PF, que a mala é térmica, funcionalmente perfeita para a condução de pizzas.




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