MAS. POREM
- Sérgio Bandeira de Mello, Gico
- Jan 14, 2018
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Oficialmente, tudo começou com o Democratas, coisa que ainda causa uma enorme incompatibilidade com o corretor ortográfico do Word, crise de concordância político-gramatical ainda não superada com o editor de texto de origem ianque, aplicativo que não respeita a soberania partidária nacional.
Por causa dessa confusão dos demônios, o Democratas adotou apelido DEM, em vez de um mais sonoro demo, sempre em maiúsculas, demonstração cabal de submissão aos ditames do modelo vigente. O inflexível dispositivo ainda insiste em sublinhar sinuosamente o suposto erro de número, que leva ao plural o partido, por si só um paradoxo de cunho ideológico.
A direção do rebatizado PFL, Partido da Frente Liberal, filho do meio da ex-Arena, Aliança Renovadora Nacional, irmão do PDS do presidiário Maluf, logo se arrependeria do ousado rompimento com a língua.
A carona natural no bipartidarismo norte-americano não surtiu o efeito desejado por causa da absurda supressão da palavra Partido, cuja esdrúxula obrigatoriedade pretérita havia determinado a criação do PMDB por meio da mera incorporação da letra P ao Movimento Democrático Brasileiro.
O velho partido de oposição à Arena também seria o berço dos tucanos, estes famosos por construírem o seu ninho em cima do muro que separa o elegante bairro paulistano de Higienópolis do restante do país.
Fato é que já há um movimento em curso para que o DEM abra alas a um novíssimo nome: Centro. Já antevejo os ortocentros, ortodoxos, sempre nas alturas, os incentros, oposicionistas, ângulos sempre divididos das visões centristas, e os baricentros, que aguentariam toda a pressão fisiológica do governo, semipresidencialista ao extremo.
Conservadores ou progressistas, republicanos ou monarquistas, liberais ou comunistas, democratas ou fascistas, ou ainda trabalhistas, socialistas e outros consagrados adjetivos de ordem minimamente ideológica, o Brasil ora contribui com a sua jabuticaba ao panorama político mundial com toda sorte de palavras, entre adjetivos, substantivos, verbos e advérbios. Entretanto, falta o essencial, aquela característica que levaria o parlamentar a procurar a sua turma na janela que será aberta em março.
Portanto, além das bancadas informais BBBBBB, bala, bíblia, bola, beatos, bolcheviques ou babacas, cadê o(os) Espertos, Dogmáticos, Torniquetes, Esdrúxulos, Coxinhas, Judiciários, Patéticos, Tornozeleiras, Réus, Caciques, Supremos, Indiciados, Mortadelas, Romeiros e Investigados?
Por ora, lembro que Arenas, no plural, seria um belo nome, por passar ao eleitor o atributo de competitividade, de padrão FIFA, das Dunas, Pantanal, da Amazônia e de Lula, amigo do Itaquerão, líder máximo do(s) Patéticos.
Entre os já registrados Novo, Mude, Livres, Podemos, Avante, Patriotas e Livres, poderíamos ampliar o nosso espectro político-ideológico partindo para outras classes gramaticais menos concorridas.
De minha parte, penso em fundar e/ou registrar no TSE uma conjunção adversativa. Recolheria assinaturas pelo MAS, Movimento Avesso à Submissão para futura venda, partido de oposição por excelência, que põe o dedo na ferida. Ou não, pois, decerto, haveria uma corrente alternativa.
Todavia, se a legislação assim o exigir, oficializo o PORÉM, Partido da Ordem Republicana e Ética Maleável, de maior liquidez no mercado brasileiro.
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