“Vai, ministra!”
- Sérgio Bandeira de Mello, Gigo
- Jan 30, 2018
- 2 min read

Foi assim, sem alô, alô, que o parceiro de gravação deu a deixa pra ela entrar em cena. E que cena! A perseguida atingiu os milhões de views em minutos, world trend topics assim que foi exibido no Jornal Nacional golpista.
Nem o clipe intitulado “Vai, malandra!”, da lavra de Anita, o ícone musical do momento, gravado na pausa de um tiroteio entre facções rivais no Vidigal, cujo roteiro incluía a subida do morro em um mototáxi até a laje-palco na comunidade à beira-mar, Fernandinho à parte, causou tanto furor quanto o vídeo da futura ministra do trabalho, bloqueada até aqui no facebook da justiça.
Em vez de popozuda popa no mototáxi, iate. Em vez de garupa, popa recheada de aliados, todas elas vítimas da abstrata função da justiça do trabalho.
Que atire a primeira pedra de gelo aquele que não tem um processo nas costas movido por empregado abusado, bancado por advogado de porta de sindicato.
Se não no exterior, mais preocupado com nossos movimentos literais até o chão, o País se curvou à Cristiane, cujo sobrenome, não por acaso, é Brasil.
Da nobre família Jeferson, herdeira do barítono Roberto, meu malvado preferido, a youtuber que suplantou a funkeira de raiz ofuscou até mesmo a coreografia do mimimi, levada pras ruas e redações depois do pancadão na cabeça da jararaca.
Para quem não sabe ou não se lembra, por falta de idade, memória ou vontade, o advogado de o Povo na TV foi primeiro delator da República, o único realmente voluntário nos dois escândalos protagonizados pelo PT - #foraBarusco.
Judas do Mensalão, o tonitruante líder partidário foi um fiel companheiro de Lula. O presidente chegou a dizer publicamente que daria um cheque em branco ao então aliado. Mas o todo poderoso que nada sabe e nada vê ignorava que o traidor fosse preenchê-lo com o valor de trinta dinheiros.
Fato é que o pai de Cristiane, passional, com sangue nas veias e nervos de aço, entregou-se aos instintos mais primitivos despertados por Zé Dirceu. Enforcou-se na justiça pelo simples prêmio de tirar o guerreiro do povo brasileiro da Casa Civil e colocá-lo na Casa de Detenção mais próxima.
Curtindo o vídeo pela segunda vez, me ocorre que talvez o atributo relativo ao gosto de viver perigosamente seja uma característica familiar.
Portanto, procuro encarar como um gesto extremo a gravação do clipe marítimo, amador por excelência, em que a protagonista é cercada por empresários sem camisa, talvez para realçar a falta de colarinho branco na jogada.
Já pelo prisma da pretendida repercussão em grande escala, a produção revelou-se perfeita no script de um big brother (Brasil) da luta de classes sem classe, para causar, sem objeto direto, verbo chapado no intransitivo.
Pois vagando pelas calçadas da Esplanada, a atual líder do MNSP, Movimento dos Nomeados Sem Posse, que já teve o messias à frente, à espera do papel do Bessias, a fillhinha de papai entendeu que não conseguiria nada além de seguidas batidas de martelo contra ela.
Aí a malandra foi à luta. Te cuida, Anita!




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