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Pro jogo político, só uma Bet

  • Writer: Jason Prado
    Jason Prado
  • Oct 28, 2024
  • 3 min read
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Jason Prado - DP, 28/10/2024


Antes que a próxima eleição seja decidida no cara ou coroa, pela turma do PCC, ou pelo tal do “sangue nas ruas” (não me lembro onde ouvi isso), sugiro que ela seja conduzida por uma federação de casas de apostas. 

Que tanto pode se chamar BetEX ou BeTSE. Fica a gosto do freguês.

Que me perdoem a Ministra Carmem Lúcia e o Merval Pereira, mas democracia de verdade pressupõe escolha, não referendo.

A Ministra celebrou o voto como basilar da Democracia. E o Merval sugeriu mais rigor com a abstenção.

Basilar, na Democracia é a equidade do povo. Sociedades escravocratas ou divididas em castas, não são democratas.

O Brasil não tem escravos, mas tem um sistema educacional que promove uma desigualdade abissal. O nosso regime tributário é de fazer corar Dionísio: uma putaria! Temos feudos, capitanias hereditárias e gente que implora pela volta de D. Pedro. Temos funcionários públicos recebendo perto de num millhão por mês, e empresários vivendo com menos de cinco salários mínimos… Não sou eu quem diz isso. Gustavo Capanema e Anisio Teixeira disseram um século atrás.

Sei claramente o risco que corro apontando as taras do rei, mas não dá pra festejar esse tipo de democracia: campanhas sufocadas por dinheiro público descontrolado; reeleições escancaradamente manipuladas pelo uso da máquina pública; carradas de dinheiro apreendidas em cada esquina; candidatos dinasticamente escolhidos em confrarias, sem qualquer vínculo com o povo ou plataformas políticas. Quando esses partidos vão ter que prestar contas?

O que tivemos está mais parecido com referendo do que democracia: quem você prefere menos?

A classe política - melhor dizendo, os caciques, se é que isso não é ofensivo aos povos originários - manipulam a opinião pública, como essa historinha inocente do PCC pedindo votos pro Boulos...

Pra dar uma aparência menos contaminada no processo, e não escancarar o defeito de origem, que poderia levar a uma revisão geral do sistema, já nem se fala nos votos nulos e na abstenção, que são, sim, uma forma clara de expressão popular. 

A BBC Brasil traz hoje, 28 de outubro de 2024, um artigo curioso sobre esses números. Somados, os nulos, em branco e ausentes em São Paulo somam mais que os votos do prefeito eleito. Mas quem liga?

Desconsiderar a insatisfação do povo com esse tipo de empulhação é alimentar o fogo que pode estar assando a nova fornada autoritária para 2026.

Com as escolhas que nos oferecem, quem sabe da próxima vez não embalam um sargento como o Hugo Chaves para o turno? Ou o príncipe das rachadinhas, que despudoradamente já se ofereceu para o “sacrifício”?

Tudo seria diferente se as eleições fossem geridas por uma federação de casas de apostas. Jamais teríamos certeza de nada, principalmente dos combinaletes que geram lucro$$$, mas, pelo menos, não custaria nada aos cofres públicos, e nem correríamos o risco de ressuscitar os Habsburgo de Castela, Orleans e Bragança.

Numa eleição das Bet’s, podemos estabelecer regras mais transparentes: o candidato mais cotado leva. O segundo, fica de Vice. E quanto o noticiário ficar chato, soltamos uma nova rodada. Eles roubam entre si, e a gente continua levando a vida.

O único ponto chato seria ter que fortalecer o Estado. Isso dá trabalho. Requer Educação de qualidade. E evitar que ele fique à deriva a cada governo, à mercê dos malucos de plantão. Mas as campanhas, ao invés de tirarem recursos do tesouro, pagariam impostos, e só os perdedores pagariam o pato... 

Não tem nem como roubar no resultado: essa turma do jogo pega pesado.

Sei que vão me chamar de antidemocrático à esquerda e à direita. Mas essa democracia brasileira só está servindo a esses dois grupos que, como uma companhia de Palhaços Augustos (aqueles que fazem palhaçadas se agredindo), se alternem no poder. E que, por falta de bússola e compromisso político, de esquerda e direita têm apenas o autoritarismo que os conserva no topo da cadeia alimentar.

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